I - Uma perspectiva sociológica
Neste
artigo destaco uma visão sociológica do etíope que foi a Jerusalém adorar ao
Deus de Israel, quem era esse cidadão? Quais suas origens? O que fazia? Qual sua
cultura? Qual seu povo?...
Dentro
desta perspectiva faço uma ligação entre a Teologia e Devoção. A conversão de
um eunuco etíope mostra que a fé cristã quebra todas as barreiras tanto;
- Raciais (o etíope é negro);
- Nacionais (ele é estrangeiro)
- Sociais (trata-se de um escravo);
- Religiosa (judaísmo não permitia que uma pessoa mutilada pertencesse à comunidade, Dt. 23.2).
Interessante
notar que nesse capítulo 8 há duas categorias de pessoas que, em certo sentido,
estão vinculadas ao povo judeu. Se a perspectiva adotada for diferente, o
vínculo não existe.
Os
samaritanos (Atos 8. 4-24) não eram judeus, mas tinha ancestrais judeus (Jo.
4.9); eles não adoravam em Jerusalém (Jo. 4.20,21).
Este
etíope, vindo da Abissínia, era de descendência israelita, e que fizera a
peregrinação a Jerusalém a fim de satisfazer os seus anseios espirituais, porém
chegou tarde para ver Cristo em carne, mas não para ouvir o Evangelho.
Atravessou
parte do deserto, pois Gaza foi uma das cinco grandes capitais dos filisteus.
Entretanto, a frase “pelo caminho
deserto” indica a velha cidade, destruída por Alexandre Janeu em 93 a.C., e
que ficava a 80 Km de Jerusalém.
Era
judeu de nascença ou era um judeu prosélito, já que o primeiro gentio legítimo
só foi alcançado pelo evangelho no capítulo 10. Mas, por ser eunuco, ele foi
proibido de adorar na congregação do povo de Deus (Dt. 23.1). O fato de ter
viajado para tão longe a fim de adorar, mesmo sendo privado disso, atesta sua
piedade e prova que era um adorador do Deus de Israel, talvez tendo obtido esse
conhecimento da rainha de Sabá (I Rs. 10), segundo a tradição.
A
monarquia da Etiópia afirma que sua genealogia vem do rei Salomão e da rainha
de Sabá (I Rs. 10), por meio do filho que eles tiveram Menelik I, há cerca de
três mil anos, até o rei Haile Selassie, que foi deposto em 1974.
Os
judeus etíopes, que chamam a si mesmos de “Beta Israel” (casa de Israel), mas
que também são conhecidos como Falashas (a palavra aramaica para “exilados”),
consideram ser descendentes dos judeus que vieram com Menelik I. Isso é lenda,
mas “as crônicas etíopes mostram que o judaísmo era disseminado antes de a
dinastia Axum converter-se ao cristianismo durante o século IV”.
No
versículo 27, o significado de “mordomo-mor” (gr. Dunastes), isto é;
- Poderoso (I Tm. 6.15; Lc. 1.52);
- Grande autoridade (At. 8.27; II Co. 9.8; 13.3; Rm. 14.4).
Porém;
- Não está satisfeito apesar de ter uma posição privilegiada;
- Um pesquisador, diligente, capaz de aprender;
- Um homem convertido, crente, confessando, regozijando-se;
- Uma pessoa castrada (como as empregadas em quartos orientais);
- Um homem impotente ou não casado;
- Um camareiro ou mordomo;
- Chefe de gabinete, procurador ou tesoureiro (oficial do governo);
- Um homem privado de sua virilidade (não era vigoroso), Dt. 23.1.
O etíope recebe uma atenção especial, pois era um home negro judeu. Em todo o Oriente Próximo, era comum que homens ocupando posições de poder fossem castrado. O Tanakh traz vários exemplos, incluindo o de ‘ved-Melekh’, o cuxita (etíope), em Jeremias 38.7. O termo também pode se referir a um oficial de posto elevado.
Encontra-se
na Bíblia outras passagens que falam sobre eles;
- Dois ou três eunucos olharam para ele, II Rs. 9.32;
- Os sete eunucos que serviram ao rei Assuero, Et. 1.10;
- Nem diga o eunuco: Eis que sou uma árvore seca, Is. 56.3;
- Ebede-Meleque, o etíope, eunuco, Jr. 38.7;
- Aspenaz, chefe dos eunucos, Dn. 1.3;
- Há eunucos de nascença, Mt. 19.12;
- A si fizeram eunucos (celibato) Mt. 19.12;
- Um etíope eunuco, At. 8.27.
Era
comum usar eunucos, como homens de confiança e oficiais, nos governos
orientais.
A
Etiópia correspondia, nessa época, à região da Núbia, desde o alto do Nilo (da
catarata de Assuã) até Cartum. É Cuxe (Is. 18.1), terra dos descendentes de
Cuxe, filho de Cam (Gn. 10.6).
Candace
é o título hereditário das rainhas etíopes, semelhante a Faraó, no Egito, e
Abimeleque na Filístia.
A rainha mãe etíope, era responsável pelos deveres seculares do monarca reinante (considerado demasiado sagrado para exercer esses serviços).
A rainha mãe etíope, era responsável pelos deveres seculares do monarca reinante (considerado demasiado sagrado para exercer esses serviços).
Ramsés
III, o Egito caiu na decadência, Salomão casou-se com a filha de um dos últimos
soberanos da vigésima primeira dinastia, que foi vencido por Sisaque I, general
dos mercenários da Líbia, e quem, por sua vez, fundou a vigésima segunda
dinastia (I Rs. 11.40; 14.25,26).
Na
era de Ezequias, o Egito foi conquistado pelos etíopes do Sudão e eles
constituíram a vigésima quinta dinastia, da qual o terceiro soberano foi Tiraca
(II Rs. 19.9).
Em
674 a. C., o Egito foi vencido pelos assírios, que o dividiram em vinte
satrápias e Tiraca foi expulso para seu domínio ancestral.
Catorze
anos mais tarde revoltou-se com êxito o Egito sob Semético I de Saís, fundador
da vigésima sexta dinastia. Entre os seus sucessores havia Neco (II Rs. 23.29)
e Hofra ou Apries (Jr. 37.5,7, 11). Essa
dinastia findou-se em 525 a. C., quando a terra foi subjugada por Cambises.
Pouco depois se tornou satrápia da Pérsia.
A
religião do Egito era uma estranha mistura do panteísmo e do culto prestado a
animais, sendo os deuses na forma desses.
Enquanto
as classes intelectuais reduziam as suas múltiplas deidades em manifestações de
um só ser onipresente e onipotente, os incultos tinham os animais como
encarnações dos deuses.
No
Império Antigo, Ptá (o criador), o padroeiro de Mênfis, tinha o primeiro lugar
no Panteão egípicio; depois Amom, o padroeiro de Tebas, o suplantou. Amom, como
também a maioria dos outros deuses, identificou-se com Rã, o deus solar de
Heliópolis.
Os
egípcios acreditavam na ressurreição e em recompensas e punições no futuro. O
juiz dos mortos era Osíris, que fora morto por Sete, o representante do mal, e
depois ressuscitado. Vingou a sua morte seu filho Horo, a quem, como Redentor,
os egípcios invocavam. Osíris e Horo, juntamente com Isis, mulher daquele,
constituíram uma trindade, representando o deus solar sob aspectos diferentes.
II - Uma perspectiva Evangelística
Missionária
Além
disso, o episódio mostra como se realizava uma iniciação na Igreja primitiva:
- Encontro,;
- Anúncio;
- Catequese;
- Batismo.
Encontro, de
um lado tinha as pessoas que buscam algo ou alguém que lhes dê sentido para
vida;
Anúncio, de
outro lado, o missionário obedece ao Espírito, que lhe indica o momento e o
lugar oportuno para esclarecer quem as pessoas buscam e para fazer o grande
anúncio.
Discipulado, não
basta ler e estudar a Sagrada Escritura. É necessário que alguém abra a
perspectiva da fé para mostrar que a Bíblia, espelho da experiência humana, é o
anúncio de Jesus Cristo (Lc. 4.16-21; 24.25-27),
Batismo, o
rito do batismo é o sinal que exprime a aceitação de que Jesus é o novo sentido
para a vida do batizado,
Ler
em voz alta era uma forma de mostrar reverência ao texto sagrado na
antiguidade. Isso prova que o eunuco etíope buscava a Deus.
Dos
sete que foram escolhidos para servir às mesas (At. 6.5), um foi martirizado
logo, e outro transformado em evangelista. Também a necessidade de servir às
mesas desapareceu com a dispersão da igreja (At. 8.1). Agora vemos Filipe,
chamado pelo Senhor, deixar um centro movimentado onde está experimentando
grandes bênçãos, para ir a um lugar
deserto, a fim de evangelizar um único homem.
Observe
como Filipe foi obediente, a ponto de sair de um maravilhoso avivamento e de
uma cidade como todo conforto para ir ao deserto e pregar a uma única pessoa.
Ele sequer sabia por deveria ir para o sul nem a distância a percorrer. Gaza
ficava a 160 km do avivamento. O evangelho havia se estendido dos judeus
etnicamente puros, para os samaritanos de raça mista por intermédio de Felipe,
Pedro e João (Atos 8. 5-25). Agora, o anjo do Senhor levou Filipe a contatar
uma pessoa totalmente gentia da Etiópia. Com isso, o evangelho se expandiu para
o sul, para África. Irineu, um dos pais da igreja primitiva (180 a. C.), relata
em seus escritos que esse eunuco se tornou dedicado missionário cristão entre
os etíopes.
Bibliografia
A Bíblia Explicada
Bíblia Anotada
Bíblia DAKE
Bíblia de Estudo
King
James
Bíblia de Estudo
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Bíblia de Estudo
Vida
Abundante
Bíblia Sagrada Edição
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Bíblia, Novo
Testamento Versão Restauração
Comentário
Judaico do Novo Testamento
Pequena Enciclopédia
Bíblica
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