A Mensagem de Malaquias

(CONVITE A UMA TEOLOGIA PARA OS NOSSOS DIAS)


O profeta Malaquias escreve o seu texto, 100 anos após o Exílio Babilônico. Sua ênfase está na perca de sentido existencial teocêntrico. Sua base de interpretação está na torah e nos profetas, os quais reivindicam o retorno a Deus por parte de um povo que continuamente o abandona, ou Dele, se afasta paulatinamente.
Esperava-se de Israel, que após a lição do exílio nunca mais se afastassem do Seu Deus, antes de geração em geração perseverassem, sempre adiante, de tal maneira que, as gerações futuras galgassem o Reino Messiânico definitivamente. Uma ascensão espiritual rumo a “Era Messiânica”.
Porém, isso não aconteceu. O povo de Israel decepcionara mais uma vez. Os profetas sentiam-se chamados para revigorar as profecias messiânicas de tempos em tempos. É sob este olhar que Malaquias desenvolve sua vocação profética. Assim, como os demais que o antecederam, se sente responsável por trazer de volta o cenário da esperança teocêntrica para a nação.
No capítulo 1 – descreve o conformismo, a indiferença e a negligência com os sacrifícios e ofertas destinados ao culto a Deus. Os sentidos e a percepção espirituais da nação estão embotados, o que lhes proporciona uma frieza consternada pela falta de temor.
Malaquias evoca no primeiro capítulo o conceito de Eleição incondicional para com “Jacó –Israel” em detrimento de “Esáu-Edom”, versos 2 a 5.
Eu vos tenho amado, diz o SENHOR. Mas vós dizeis: Em que nos tem amado? Não era Esaú irmão de Jacó? disse o SENHOR; todavia amei a Jacó, E odiei a Esaú; e fiz dos seus montes uma desolação, e dei a sua herança aos chacais do deserto. Ainda que Edom diga: Empobrecidos estamos, porém tornaremos a edificar os lugares desolados; assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eles edificarão, e eu destruirei; e lhes chamarão: Termo de impiedade, e povo contra quem o SENHOR está irado para sempre. E os vossos olhos o verão, e direis: O SENHOR seja engrandecido além dos termos de Israel.  Malaquias 1:2-5.

O profeta em sua fala declara que, ainda que Edom tente edificar os lugares desertos, não obterá êxito. A razão se encontra na permissão e benção divina. Dessa forma para Malaquias a sorte de Edom depende totalmente de Deus ou do princípio da eleição incondicional. Portanto, Israel precisava nisto reconhecer que uma vez eleitos, estavam debaixo da provisão divina, e deveriam a isto responder com absoluta submissão.
O capítulo 2 - tem como fundamento teológico a reestruturação do sacerdócio. A palavra profética é imperativa e rigorosa, os sacerdotes devem retornar para Deus ou estarão sob maldição. Não há meio termo, isso é urgentemente necessário. Deus requer que sua liderança se encontre devidamente renovada em seus propósitos. Para o profeta Malaquias todo corpo sacerdotal precisa de renovação espiritual; caso contrário perecerão sob o juízo divino.
Peso da palavra do SENHOR contra Israel, por intermédio de Malaquias. Eu vos tenho amado, diz o SENHOR. Mas vós dizeis: Em que nos tem amado? Não era Esaú irmão de Jacó? disse o SENHOR; todavia amei a Jacó, E odiei a Esaú; e fiz dos seus montes uma desolação, e dei a sua herança aos chacais do deserto. Ainda que Edom diga: Empobrecidos estamos, porém tornaremos a edificar os lugares desolados; assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eles edificarão, e eu destruirei; e lhes chamarão: Termo de impiedade, e povo contra quem o SENHOR está irado para sempre. E os vossos olhos o verão, e direis: O SENHOR seja engrandecido além dos termos de Israel. O filho honra o pai, e o servo o seu senhor; se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o meu temor? diz o SENHOR dos Exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome. E vós dizeis: Em que nós temos desprezado o teu nome? Ofereceis sobre o meu altar pão imundo, e dizeis: Em que te havemos profanado? Nisto que dizeis: A mesa do SENHOR é desprezível. Porque, quando ofereceis animal cego para o sacrifício, isso não é mau? E quando ofereceis o coxo ou enfermo, isso não é mau? Ora apresenta-o ao teu governador; porventura terá ele agrado em ti? ou aceitará ele a tua pessoa? diz o SENHOR dos Exércitos. Agora, pois, eu suplico, peça a Deus, que ele seja misericordioso conosco; isto veio das vossas mãos; aceitará ele a vossa pessoa? diz o SENHOR dos Exércitos.  Malaquias 1:1-9.

No verso 10 - como em outras ocasiões históricas se conclama a purificação da linhagem judaica. Para alcançar os ideais divinos, Israel deveria se purificar dos racionamentos considerados estranhos e impuros de acordo com os preceitos da torah.
Quem há também entre vós que feche as portas por nada, e não acenda debalde o fogo do meu altar? Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei oferta da vossa mão. Mas desde o nascente do sol até ao poente é grande entre os gentios o meu nome; e em todo o lugar se oferecerá ao meu nome incenso, e uma oferta pura; porque o meu nome é grande entre os gentios, diz o SENHOR dos Exércitos. Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do Senhor é impura, e o seu produto, isto é, a sua comida é desprezível. E dizeis ainda: Eis aqui, que canseira! E o lançastes ao desprezo, diz o SENHOR dos Exércitos; vós ofereceis o que foi roubado, e o coxo e o enfermo; assim trazeis a oferta. Aceitaria eu isso de vossa mão? diz o SENHOR. Pois seja maldito o enganador que, tendo macho no seu rebanho, promete e oferece ao Senhor o que tem mácula; porque eu sou grande Rei, diz o SENHOR dos Exércitos, o meu nome é temível entre os gentios. Malaquias 1:10-14.

O capítulo 3 - parece nos remeter ao espírito do êxodo, por ocasião na qual o Anjo do Senhor guiava a Moisés e ao povo de Israel durante a peregrinação no deserto; pois esta era a maneira pela qual sentiam segurança durante o percurso rumo a Canaã. O mesmo paradigma é aqui anunciado como movimento profético nos dias de Malaquias. A mesma perspectiva de juízo e o temor reivindicado são novamente manifestados na linguagem do texto:
Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos. Mas quem suportará o dia da sua vinda? E quem subsistirá, quando ele aparecer? Porque ele será como o fogo do ourives e como o sabão dos lavandeiros. E assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata; então ao SENHOR trarão oferta em justiça. E a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao SENHOR, como nos dias antigos, e como nos primeiros anos. E chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros, contra os adúlteros, contra os que juram falsamente, contra os que defraudam o diarista em seu salário, e a viúva, e o órfão, e que pervertem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o SENHOR dos Exércitos. Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos. Malaquias 3:1-6.

O resgate da centralidade de culto em conformidade com Moisés (torah) está implícito nas linhas e entrelinhas do texto acima.

    Remover a feitiçaria, o adultério, os que juram falsamente, os que defraudam o salário, e as questões das viúvas e dos órfãos, bem como o direito dos estrangeiros, fazem parte do conteúdo profético da Teologia do Antigo Testamento. Malaquias segue, portanto, a mesma perspectiva de seus antecessores.

Após Malaquias apresentar o quadro da renovação da aliança nos termos da torah. Tem-se início a parte mais notória do texto.
Malaquias 3 versos 7 – 18, veja que o texto sob a ótica hermenêutica da Teologia do Antigo Testamento está, através do profeta Malaquias declarando a distância que Israel vem mantendo da torah, e principalmente dos dias do tabernáculo. Dias estes, nos quais, o teocentrismo ou a dedicação ao Deus de Isael como supremo Deus era o centro da vida espiritual da nação. O dízimo era exatamente a base de sustentação do sacerdócio. Uma vez que os mesmos não podiam ter bens materiais vivendo tão somente no templo e para o templo “tabernáculo”.
A maldição era justamente, o não viver sob o prisma da torah e do tabernáculo conforme o passado inspirador no deserto onde, toda a nação estaria em condições favoráveis a Deus e desfrutando de seus favores em todos os sentidos.
O que o profeta Malaquias está vendo em termos de sua espiritualidade é, o quanto a nação está distante dos ideais do período onde o teocentrismo vigorou no deserto, rumo a Canaã.
Portanto, sua visão está contida dentro dos termos em que subjazem os princípios que norteiam sua fé; a saber:
a)    Malaquias quer ver sua geração sob a ótica da torah, como nação restaurada à vontade de Deus; vontade está também preconizada pelos profetas que também o antecederam.
b)   Trazer todos os dízimos à casa do tesouro era novamente retornar a centralidade espiritual, que teria seu ponto inicial, no sustento ao sacerdócio. Era viabilizar o exercício de um ministério sacerdotal sem vínculos políticos com a monarquia, e assim, purificar aos filhos de Israel, a começar pelos seus líderes.
c)    Ver a nação livre de vínculos conjugais considerados impuros está na normatização da fé que vê o caminho de volta para Deus e Sua Lei.
O capítulo 4 - lança os pilares da renovação sob a esperança de uma intervenção divina, cujo teor, se inspira na pregação de Elias como esperança de conversão da nação Israelita, bem como, no juízo derramado sobre a casa de Jezabel e dos ímpios em seus dias.
A esperança de Malaquias é que venha o “Dia do Senhor”, no qual, serão reivindicados os justos juízos e serão abençoados os filhos de Israel. A expressão “Lembrai-vos da Lei de Moisés 4.4”, denota onde está o coração de Malaquias e sua profecia.
Obviamente após meditarmos e encontrar-mos os fundamentos proféticos de Malaquias, muitos me perguntariam neste momento onde fica a leitura posterior em que Jesus o Messias entra em questão. É desse ponto em diante que passamos a considerar, que a profecia de Malaquias toma dimensões maiores em seu conteúdo profético para a Igreja no Novo Testamento. Se Cristo não houvesse entrado na história humana e estabelecido os alicerces de Seu Reino, não teríamos


como lançar os olhos para adiante do tempo de Malaquias, e então, permaneceríamos com a interpretação de que simplesmente Malaquias tinha um saudosismo dos dias nos quais, se deram a passagem de Israel pelo deserto e nada mais. Seria apenas um texto com perspectivas religiosas, cujas linhas estariam confinadas ao passado remoto de uma nação.
Mas a manifestação de Jesus muda todo o rumo da profecia de Malaquias e da história dando um salto para o futuro, e denotando a profecia um sentido apocalíptico e escatológico.
Portanto, Jesus atua como vetor hermenêutico trazendo a profecia sob uma nova ótica. A profecia toma novas dimensões, pois, agora não há dois testamentos teológicos, apenas um. Cristo é a plenitude que une os Dois Testamentos, tornando-os apenas um. O que há, senão, apenas uma divisão dada em nome de Canon, que mais tem gerado complicações teológicas, que esclarecimentos.
O primeiro princípio é que Deus tem um único plano e não dois planos. A Teologia é uma só, e não duas teologias.
Desde a antiguidade há uma única construção espiritual. O que vemos nas páginas do que chamamos de Bíblia são os rumos desta construção teológica, que não tem atalhos, becos sem saídas, e nem placas com indicações erradas.
Não consigo ver duas teologias. Apenas uma.
Vejo o plano de Deus se consolidando na existência humana, seu princípio, eu o vejo em Gênesis; tomando forma, ao longo do desenvolvimento da teologia considerada Antigo Testamento por força de expressão, porém, os Testamentos possuem um Elo, seu nome: JESUS.  – Este é o eixo que os une. O que torna a Teologia única e exclusiva e difinitiva.
Sem Jesus o denominado “Antigo Testamento” perderia seu significado e valor.
No Novo Testamento, ou, na janela teológica na história conferida na manifestação do Cristo, temos uma comunidade de filhos de Deus, nascidos de novo, os quais vivem para seu Senhor e Mestre. Tudo que possuem semeiam para que este reino se espalhe sobre a face da terra. O que abençoa não é o ser dizimista, mas sim, o ser uma nova criatura.
A porta de acesso à vida do reino conforme Malaquias é o caminho que retorna a vida teocêntrica. João o apóstolo vê este caminho em Jesus de Nazaré, no qual é viabilizado o acesso a Deus e Seu reino proporcionando vida e esperança.
A liberdade em Cristo no desenrolar da teologia bíblica é exatamente o contrário. Em Cristo, todos os filhos de Deus são chamados a um relacionamento em amor e justiça. Imposições que amedrontam e ameaçam fazem parte de uma teologia arcaica, dominadora e escravizante.
Por conta de líderes, cujos olhares se voltam para as pessoas tão somente, como escravas de uma mente mística e leiga, é que muitos permanecem sob a égide de um sistema ultrapassado e manipulador, pois, lideres assim, não acreditam que seja possível o amadurecimento das pessoas a ponto de entregarem suas vidas e suas fortunas ao reino, ou mesmo porque querem que as pessoas permaneçam na “Caverna de Platão”.
Não estou propondo uma entrega descabida, irrefletida e incoerente, antes, uma entrega norteada pela vida de Cristo a manifestar-s em nós. Alguém julga isso utopia, e, é exatamente por estes que assim julgam, que o sistema improdutivo e da troca de favores em negociação com Deus favorece, a manutenção do sistema denominado dízimo, como hoje conhecemos.
Se houvesse cristianismo autêntico a começar por nós líderes, não teríamos as denominações que temos hoje, com talvez raras exceções.
Ser um cidadão do Reino é muito mais que ser dizimista. O tal Dízimo apregoado na maioria dos púlpitos hodiernos, virou purificação de dinheiro, uma espécie de lavagem de dinheiro para ficar limpo, dá-se 10% e os outros 90% ficam limpos e abençoados.
Vejo milhares de pessoas bem intencionadas que vivem sob as imposições das denominações a que pertencem. O texto em que Jesus respondeu isso, quando dá ocasião, em que mencionou que deveriam dizimar, porém, não deixassem de fazer misericórdia e justiça é o preferido daqueles que defendem a imposição. Entretanto, veja que Mateus ao escrever aos Judeus, bem como, Jesus obviamente são conhecedores dos pilares que inspiravam a fé judaica, no que diz respeito, ao Reino Messiânico, portanto, não poderiam omitir uma resposta que contemplasse o ser dízimista. O dízimo para os judeus sempre fora contemplado, não como contribuição denominacional, mas como fundamento para estabelecimento do reino messiânico e teocêntrico.
Falar de Malaquias é falar da esperança messiânica daqueles que esperam em Cristo.

A Pergunta é: Como se dará a manifestação do Reino de Deus entre nós?
A resposta e esta pergunta nos dará a finalidade da contribuição e forma da mesma para os nossos dias.
Jesus disse: Nisto conhecereis que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.
Atos dos Apóstolos confere a nós o modelo sublime de “Comunidade do Cristo”, - (Tinham tudo em comum...), em Atos dos Apóstolos é dito que os crentes davam mais que o dízimo.
Não havia entre eles necessitado algum..., mas era-lhes repartido conforme a necessidade que cada um tinha.
O que Jesus espera de seu povo é muito maior, mais sublime e mais humano;
Acredito que as denominações possam crescer e muito, desde que seu foco primário seja a vida e nada mais, todo o restante fica em segundo plano. Entendo que Deus julga a sinceridade de seus filhos e os abençoa, ao contribuírem com 10% para a Igreja a que pertencem, por assim serem ensinados e condicionados. Sim! Pois, condicionados a um sistema de valores ao qual servem, disso, não passam além, pois, há algo que os impede.
Quem vai revolver a pedra???
Este texto tem por intenção melhorar a compreensão acerca da Palavra de Deus e seus propósitos sublimes e superiores. Há denominações sinceras se arrastando, por conta de gente medíocre quanto ao investir no reino de Deus. Enquanto outras estão manipulando, explorando, e até roubando em nome de Deus e da fé.
Até quando suportar e não falar nada. Até quando continuar com os valores tradicionais e não romper com a teologia dogmática fechada no armário de determinados líderes debaixo de sete chaves.

Cristo é Vida!
Malaquias conclamou a sua geração para retornar para Deus. Sua fonte de inspiração foram às letras da torah sob Moisés o supremo líder, e os profetas que transmitiram as palavras de Deus sob a luz da teologia para seus dias.
Assim, proponho alguns desafios teológicos para os nossos dias:
         I. que a teologia hodierna encare o sistema manipulador dogmático doutrinário que não permite as pessoas transcenderem sua denominações; assim, libertando-as e lhes proporcionando um espírito livre que saiba escolher, com maturidade cristã os melhores caminhos para declaração da Fé em Cristo;
        II. que o sistema denominado dízimo tenha sua interpretação sobre base bíblica justa para crescimento e manifestação do Reino de Deus;
      III. Pastores, cujo ministério possa se inspirar no profeta Malaquias, cujo ofício tão somente desejava a centralidade de Deus na vida da Nação, e não enriquecimento ilícito em nome da Fé;
     IV. Que as ofertas fossem para Deus, muito mais puras, verdadeiras e honestas, fundamentadas não no que Deus seria e poderia fazer, mas pelo que Deus era, e já havia feito; pois, somente imbuídos desse reconhecimento, e estado de espírito, o homem vai ao altar de Deus sem segundas intenções.

Nossa geração grita por liberdade! Façamos Teologia Bíblica com Seriedade.

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