Entre os antigos vizinhos de Israel, a palavra hag, festa,
tinha o significado de festa, celebrar uma festa, reunir para uma festa,
balançar-se com ritmo, empreender uma peregrinação, ser feliz, dançar. Assim, o
povo do Antigo Oriente Médio celebravam os eventos que lhes traziam maior
alegria e esperança: nascimento, casamentos, volta triunfante das batalhas.
Para eles, a festa possuía um caráter mágico (apotropaico), pois entendiam que
ao celebrar eles afastavam todos os males e perigos e, conseqüentemente,
garantiam o bom futuro.
A festa em Israel ganhou um sentido diferente, comparado
aos povos antigos. Com o povo bíblico, a festa deixou de ser uma cerimônia
mágica, realizada para afastar a influência demoníaca e, por outro lado,
assegurar um futuro de sucesso dos celebrantes.
Todavia, Israel não quebrou todos os laços com os vizinhos,
as festas continuaram obedeciam ao ritímo da natureza. Assim, a festa era
realizada numa data fixada. O tempo de uma festa constituía-se num ponto
“numinoso” no tempo, quando um ciclo termina e uma nova etapa da vida
inicia-se. Daí o nome “rito de passagem”.
Entre as primitivas civilizações a festa era realizada para
gerar sorte e prosperidade na vida, em Israel era diferente, o elemento mágico
foi retirado. Ele foi substituído pela afirmação de que Deus está agindo em
favor das pessoas e do mundo. A festa deixa de ser um elemento de manipulação
da divindade, para ser um gesto de louvor e gratidão a Javé. Em Israel, a festa
era celebrada diante de Javé e em sua honra, já entre seus vizinhos era
celebrada com seus deuses. Em Israel, Javé era celebrado por seus atos de
salvação, já entre os seus vizinhos eles procuravam manipular os seus deuses.
Assim, na Bíblia, a festa era uma alegre celebração de ação
de graças pela:
- Libertação da escravidão, (Festa da Páscoa);
- Frutas, (Festa dos Tabernáculos/Cabanas).
A diferença do conceito de festa que encontramos na Bíblia
deve-se, especialmente, à atitude do povo bíblico. A festa era um momento de
celebração da ação bondosa e salvífica de Deus. Os Israelitas distinguiram-se
por seu sentido de história. A bíblia não fala de mitos, mas narra a ação de
Deus na história da humanidade, não ensina que o ser humano pode transformar-se
num pequeno deus, ou donos da terra. A festa destinava-se à celebração da
bondade salvadora e sustentadora de Deus, para com os seres humanos.
Assim, as festas tornaram-se associadas aos eventos da
história.
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