O Contexto Histórico da Festa de "Pentecoste"


Festas Religiosas
A longa e rica história do povo de Israel ocasionou-lhes inúmeras oportunidades para comemorações. E muitas de suas festas duravam cerca de uma semana, durante a qual eles podiam extravasar seus profundos e sinceros sentimentos.
Essas festas tinham diversos propósitos. Algumas eram mais uma espécie de culto ou adoração a Deus. Nessas ocasiões, o povo, arrependido de seus pecados, buscava o perdão e a bênção de Deus; era o momento de purificar a alma e marcar um novo começo. Outras festas eram ocasiões de adoração também, mas se manifestavam em alegres ações de graça. Sempre que as colheitas eram abundantes e os rebanhos se multiplicavam bem, o povo expressava grande gratidão a Deus, e o faziam dançando pelas ruas. Cantavam e tocavam instrumentos musicais em louvor a Deus que tanto os abençoara. Em algumas festas, havia instantes de oração e meditação. Contudo, sua forma de adoração mais comum era o regozijo, com muita música, alegria e banquete.
Todos estes festivais tinham cunho educativo. Cada uma de suas sete festas anuais continha em si uma lição sobre a história da nação, sobre suas vitórias, sua esperança, e também sobre suas derrotas e desespero, elas lhes ofereciam o vislumbre de um Deus que operava milagres, dava-lhes plantações exuberantes, que os amava e perdoava. Muitas vezes essas celebrações deixavam na mente dos participantes uma impressão mais forte do que livros e aulas.
Na igreja cristã também essas festas tiveram um efeito didático. A ceia do Senhor, por exemplo, é baseada na Páscoa.
Tanto o Natal como a Páscoa se tornaram ocasiões que levam o crente a recordar a obra de deus, a expressar gratidão a ele e a se quebrantar.

Veremos então o significado das três festas mais importante de Israel.

Páscoa
Essa festa é de grande importância. Sua origem acha-se profundamente ligada à história do povo de Israel. Esta presente, em todo o período do Velho testamento, tendo-se estendido à era cristã, da onde veio a constituir as bases do culto na igreja primitiva.

Data
Era uma festa anual celebrada no dia 14 do mês nisã. Em nosso calendário isso corresponde a um período nos meses de março e abril.

A razão
A grande importância histórica dessa festa se encontra no êxodo, o ato redentor de Deus, pelo qual Israel se tornou povo dele. Deus instruíra aos israelitas a que passassem sangue nos umbrais das portas para que não sofressem a praga da matança dos primogênitos (Êx. 12.7). Além disso, dera instruções detalhadas sobre como deviam comer o carneiro e o cabrito. E naquela noite, Deus passou por todo o Egito e matou todos os primogênitos do sexo masculino, de homens e animais.
Mas não entrou nas casas cuja porta estava marcada com sangue, e nelas ninguém morreu. Então os israelitas passaram a observar essa festa, o principal marco de sua libertação e da proteção divina.

A comemoração
O modo como essa festa era celebrada sofreu diversas modificações no decorrer dos anos. As instruções para a celebração da primeira páscoa, encontradas em Êxodo 12, constituem o plano básico original dado por Deus a eles.

1. Um cordeiro
O animal devia ser um macho de um ano, e seria imolado ao entardecer. Eles deveriam passar o sangue dele nos umbrais e na verga da porta (a verga é a parte superior do portal). Teriam de assá-lo sobre o fogo por inteiro, com a cabeça, as pernas e a fressura (o conjunto das vísceras [nome comum a qualquer grande órgão alojado nas cavidades craniana, torácica ou abdominal] mais grossas, tais como, pulmões, fígado, coração, etc.) intactas, sem quebrar-lhe os ossos. Teriam de comê-lo à noite, acompanhando de pão sem fermento e ervas amarga, e o que sobrasse deveria ser queimado ao amanhecer. Além disso, teriam de fazer a refeição às pressas, com as sandálias nos pés, os lombos cingidos e o cajado de viagem na mão. Isso tudo era figura da rápida libertação operada por Deus.

2. A festa dos pães asmos
Essa festa era parte da Páscoa. Trata-se de uma comemoração de natureza agricultora, que talvez já existisse antes mesmo da instituição da Páscoa. Devia ter a duração de uma semana a começar do dia 14 do mês nisã, a Páscoa era celebrada no primeiro dia da festa dos pães asmos.
A festa da Páscoa, alegre e solene ao mesmo tempo, era celebrada simultaneamente por todos; mas cada um em sua própria asa, enquanto a festa dos pães asmos era uma festividade comunitária.

A Páscoa no Novo Testamento.
A passagem do tempo e as mudanças sociais tiveram sensíveis efeitos sobre o povo de Israel, e a Páscoa passou por modificações. No tempo de cristo, as alterações que ela sofrera já estavam solidificadas.
Nessa ocasião, o povo tinha de se deslocar para Jerusalém, que então recebia grande fluxo de peregrinos.
Isso importava em sérios transtornos para a cidade, bem como para esses forasteiros. E o resultado era que a cidade se tornava um centro comercial ainda mais agitado. Os mercados ficavam abarrotados de grandes carregamentos de verduras e condimentos, dentre os quais a alface, o dente-de-leão, a pimenta, e outros. Também eram necessários grandes carregamentos de frutas e vinho. Esperava-se um altíssimo consumo de vinho, já que na celebração da Páscoa cada adulto bebia o equivalente a quatro copos. Além disso, na época da festa, era consumida grande parte das azeitonas, uvas e cereais produzidos nas plantações próximas.
A cidade tinha que fornecer também um elevado número de animais para abate, não só para alimentar as multidões que ali acorriam, mas também para os holocaustos. Josefo afirma que para o sacrifício eram necessários cerca de 25.000 animais. Embora esse número talvez seja um tanto exagerado, o fato é que a quantidade era mesmo bem expressiva.
Essa foi uma das mudanças incorporadas à Páscoa. Desde 600 anos antes de Cristo, era costume imola-se o cordeiro pascal em Jerusalém. Por causa disso, a festa deixou de ser um evento familiar, transformando-se em romaria. Essa súbita afluência de pessoas para a cidade criava um problema de acomodação. As hospedarias eram poucas, e muitos dos habitantes abriam suas casas para receber parentes e amigos, e até desconhecidos. Além disso, os campos nos arredores ficavam cheios de barracas.
esperava-se que todos os israelitas aptos a se locomoverem fossem comemorar a Páscoa em Jerusalém. É por isso que a família de Jesus fazia essa viagem todos os anos para a celebração (Lc. 2.41). É interessante observar que Jesus também ia, embora, pela lei de Moisés, não fosse obrigatório que a festa fosse celebrada nessa cidade.
Os rabis haviam determinado que todo cidadão tinha que começar a celebrar a Páscoa a partir dos 13 anos, mas sabemos que Jesus já estivera lá aos 12 (Lc. 2.42). Pela lei, as crianças, os idosos e deficientes físicos estavam isentos de participar.

1. A comemoração
Alguns dos atos da celebração eram solenes, voltados para adoração, como o ritual de abertura, por exemplo. Mas durante o resto da semana, os fiéis podiam entregar-se a alegres comemorações. Compravam o que de melhor houvesse em comida e bebida, e o consumiam com grande satisfação. Nessa ocasião, o povo gastava dinheiro liberalmente, incentivado pela própria lei, que os estimulava a comprar tudo que desejassem (Dt. 14.26). Havia um bom comércio de perfumes, bem como tecidos belíssimos e linho branco, que as mulheres podiam adquirir à vontade. É possível que este espírito de festa tenha surgido em parte por influência dos gregos e romanos. O Talmude diz que a Páscoa é “saborosa como uma azeitona”.

2. Jesus, o Cordeiro.
Desde o início de seu ministério, Jesus foi apresentado como o Cordeiro de Deus que tiraria o pecado do mundo (Jo. 1.36). E ele cumpriu esse papel quando foi crucificado e oferecido em holocausto. Existem algumas dificuldades em se conciliar perfeitamente a crucificação de Jesus e mesmo a última ceia com a festa da Páscoa. Mas a despeito das discrepâncias nas datas, o fato é que Paulo ensinou que ele foi imolado como nosso Cordeiro pascal (I Co. 5.7). Em alguns pontos seu sacrifício é análogo ao do cordeiro da Páscoa, como o de não terem quebrado seus ossos (Êx. 12.46; Nm. 9.12; Sl. 34.20; Jo. 19.36). Contudo, um fato incontestável é que ele morreu pelos pecados do mundo, não obstante não terem cumprido nele todos os detalhes relativos à celebração da Páscoa.

O Pentecoste
Cinquenta dias após a celebração da páscoa, época de colheita da cevada, vinha a colheita de trigo quando era comemora a festa de pentecostes, ou a festa das semanas.

A data.
O método para a contagem dos cinquenta dias a partir da Páscoa variava de uma pessoa para outra, e a esse respeito havia uma seria divergência entre fariseus e saduceus. Muitos iniciavam a contagem a partir do ultimo dia da páscoa.

A razão.
Como os israelitas eram uma sociedade basicamente agrícola, tinham sempre muita alegria em relação á colheita dos cereais. Essa  pratica vinha desde os tempos de  Moisés. 

A comemoração.
O texto da lei, no velho Testamento, especificava os diversos componentes de a oferta ser feitas por ocasião dessa festa (Lv 23.15,22.). Eram elas:
1) uma oferta de cereais de manha e outras à tarde;
2) uma oferta animal que contava de sete cordeiros, um novinho e dois cordeiros;
3) dois pões feito com fermento;
4) um bode com oferta pelo pecado, e
5) dois cordeiro como oferta pacificado.
Após o exílio, os judeus passaram a observar essa festa no templo, em Jerusalém, tornando-se a segunda das três festas anuais em que o povo fluía para essa cidade. Essa era outra ocasião festiva em que alem das cerimônias religiosas, havia muita comida, bebida e musica. 

O seu sentido do cristianismo.
Esse dia teve um significado todo especial pra a história do cristianismo, pois marcou inicio de uma nova fase para evangelho.
Após a ascensão de Jesus Cristo, os crentes retornaram a Jerusalém para ali aguardarem novas instruções. Certo dia, quanto estavam todos reunidos em determinados lugar, o Espírito Santo desceu sobre eles e os encheu, e os cristãos se puseram falar em outras línguas (At. 2.1-4). Muitos teólogos argumentam que foi ai que nasceu a igreja crista. Essa festa de pentecostes veio bem a encalhar para os cristãos, pois a cidade estava cheios de judeus provenientes de outros lugares do mundo, que então viriam à manifestação do poder de Deus, e ouviram a mensagens de boas-novas (At.2.5ss). E naquele dia, três mil pessoas dentre os que ali estavam creram em Jesus Cristo e foram batizados (At.2.41). Quando regressaram as suas regiões de origem, levaram a mensagens que  haviam aceitado.      

A festa dos Tabernáculos
Era a terceira festa relacionada com agricultura, e atraia centenas de fieis para Jerusalém. Com o passar tempo, ela recebeu outros nomes, dentre os quais festa das tendas, da colheita e festa do Senhor. 

A razão
Comemorada no inicio do outono, celebra a colheita das uvas e azeitonas. De todos os festivais religiosos de Israel, esse é o que mais se assemelha á comemoração do dia de ações de graça feita nos Estados Unidos. Talvez seja ela a festividade mais alegre, a ocasião em que o povo mais se diverte. 

A data
A data dessa festa variava um pouco, dependendo das condições do tempo e do termino da colheita, e esta só era considerada terminada depois de concluída prensagem do fruto. A data-padrão foi finalmente estabelecida no dia 15 de tishri, compreendido entre nossos meses de setembro e outubro.

O local
Em determinadas época houve um movimento no sentido de se centralizaram todas as festas em Jerusalém, e nessa ocasião a dos tabernáculos também se transferiu para lá. Eram tantos peregrinos que iam e essas festas que muitas cidades da Judéia ficaram praticamente vazias nesses dias. Jeremias menciona um lugar que por ocasião dessa festa ficou com apena cinquenta habitantes. Muitos dos seus participantes traziam suas propriedades tendas, barracas e cabanas, onde se alojavam, desfrutando das agradáveis noites de Jerusalém.

A comemoração
A festa tinha dois aspectos distintos. Uma parte dela era consagrada ao louvor e ações de graça. O toque das trombetas convocava o povo, que se postava nas ruas para assistir à marcha dos sacerdotes que iam ao tanque de Siloé, enchiam uma vasilha de água e depois rumavam para o templo e a derramavam no altar. A finalidade desse ritual era dar graças a Deus pela água, e suplicar-lhe as chuvas de inverno, necessárias a uma colheita abundante na primavera e no verão. Muitos desses celebrantes levavam ramos de palmeiras nas mãos, como símbolo de reconhecimento pela boa colheita obtida.
Existem registros de que na época neotestamentária, os sacerdotes aproveitavam esse ritual para protestar contra a adoração ao sol. Anteriormente alguns religiosos tinham-se inclinado diante do sol, para adorá-lo, dando as costas para o templo (Ez. 8.16). Em repúdio a essa abominação, eles se inclinavam diante do templo, dando as costas para o sol. O segundo ponto alto das comemorações eram os festejos. À noite, as multidões festejavam com banquetes e ainda cantavam, dançavam e caminhavam pelas ruas portando tochas. Nesses momentos demonstravam sua gratidão a Dus desfrutando as boas coisas da vida e o prazer de gozarem da companhia uns dos outros (Lv. 23.33-43).

O sentido cristão dessa festa
Foi a essa festa que os irmãos de Jesus se referiram quando insistiram com ele para que seguisse para Jerusalém (Jo. 7.1-9). O Senhor rebateu suas palavras sarcásticas, mas depois, ocultamente, foi para a Judéia. Durante a festa, ele deu ensinamentos e sofreu uma dura oposição por parte dos fariseus. Foi nessa ocasião que chamou os que tivessem sede para irem a ele e beber (Jo. 7.37). Isso pode ter sido uma referência à água derramada no altar durante a festa.
Pb. Odemir Silva

Um comentário:

  1. Um bom dia. Gostei do site, mas gostaria de compreender o falar em sua própria língua e a manifestação do Espírito com outras línguas conforme o Espirito lhes concedia.

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