Por Odemir Silva
Resumo produzido pelo aluno do SETEF (Seminário Teológico Fidelidade), na disciplina "Antropologia Bìblica".
Somente Deus
pode verdadeiramente revelar Deus. Esta revelação de si mesmo, tão necessária a
salvação, encontra-se nas Escrituras. Nestes dias , quando as falsas filosofias
representam de modo errado a natureza humana, é de grande importância que
conheçamos a verdade.
I. A Origem Do
Homem
1. Criação
especial
A Bíblia ensina
claramente a doutrina de uma criação especial, que significa que Deus fez cada
criatura “segundo a sua espécie”. A distinção entre o homem e as criaturas
inferiores implica a declaração de que “Deus criou o homem à sua imagem”.
2. Evolução.
Em oposição à
criação especial, surgiu à teoria da evolução que ensina que todas as formas de
vida tiveram sua origem em uma só forma e que as espécies de vida mais elevadas
surgiram de uma forma inferior. A teoria é a seguinte: em tempos muito remotos
apareceram à matéria e a força - mas como e quando, a ciência não o sabe.
Dentro da matéria e da força surgiu uma célula viva – da qual se originaram
todas as coisas vivas, desde o vegetal ate o homem, sendo este desenvolvimento
controlados por leis inerentes. Que constitui uma mesma espécie? Uma classe de
plantas ou animais que tenham propriedades e características comuns, e que se
possam propagar indefinidamente. Uma espécie pode produzir uma variedade, isto
é, uma ou mais plantas ou animais isolados possuindo uma peculiaridade
acentuada que não seja comum a espécie em geral. Ao lermos que Deus fez cada
criatura segundo a sua espécie, não dizemos que Deus as fez incapazes de se
desenvolverem em variedades novas; queremos dizer que ele criou cada espécie
distinta e separada e colocou uma barreira entre elas, de maneira que, por
exemplo, um cavalo não se deveria desenvolver de maneira que se transformasse
em animal que não seja cavalo. Este fato constitui argumento contra a teoria da
evolução, pois mostra claramente que Deus colocou uma barreira entre as
espécies para que uma espécie não se transforme em outra. O Dr. Coppens
escreve: Embora os cientistas hajam trabalhado muitos anos pesquisando a terra
e os mares, examinando os restos de fósseis de um sem numero de espécies de
planta e animais, e tenham aplicado todo gênio inventivo do homem para obter e
perpetuar novas raças e variedades, nunca conseguiram exibir uma forma decisiva
de que a transformação das espécies, pelo menos uma vez, tenha sucedido. Há um
abismo intransponível entre os irracionais e o homem – entre a forma mais
elevada de animal e a forma inferior da vida humana. Os evolucionistas
inventaram um tipo de criatura pelo qual o macaco passou para o estagio humano.
Esse é o tal “elo perdido” que se chama “Pithecanthropus erectus”. A teoria da
evolução não explica, nem ajuda a explicar a origem do homem; nem apresenta
provas que o homem tivesse evoluído de uma forma inferior mesmo fisicamente. Os
evolucionistas procuram unir o homem ao irracional, mas Jesus Cristo veio ao
mundo para unir o homem a Deus. ”Mas a todos quantos os receberam, deu-lhes o
poder de serem filhos de Deus. Aos que crêem no seu nome” (João 1:12). E
aqueles que são “participantes da natureza Divina” (2 Ped. 1:4), João, o
apostolo, diz: “Amados,agora somos filhos de Deus” (1 João 3:2).
II. A Natureza
Do Homem
Segundo Gen.
2:7, o homem se compõe de duas substancia material,chamada corpo, e a
substancia material, chamada alma. A alma è a vida no corpo e quando a alma se
retira do corpo morre. Mas, segundo 1 Tess. 5:23 e Heb. 4:12, o homem se compõem de três substancias – espírito,
alma e corpo. “O espírito e a alma representam os dois lados da substancia não
física do homem; ou, em outras palavras, o espírito e a alma representam os
dois lados da natureza espiritual.” A alma é o homem como o vemos em relação a esta vida atual. As
pessoas falecidas descrevem como “almas” (Apoc.6:9,10;20;4) “O espírito é a
descrição comum daqueles que passaram para a outra vida. Sendo o homem
“espírito”, é capaz de ter conhecimento de Deus e comunhão com ele,sendo
“alma”, ele tem conhecimento de si próprio; sendo “corpo” , tem, através dos
sentidos, conhecimento do mundo.- Scofield.
2. O espírito
humano.
Habitando a
carne humana, existe o espírito dado por Deus em forma individual. (Num.16:22;
27:16.) O Espírito foi formado pelo criador na parte interna da natureza do
homem, capaz de renovação e desenvolvimento. Assim a alma é um espírito encarnado,
ou um espírito humano que recebe expressão mediante o corpo. “A alma’ sobrevive
a morte porque o espírito a dota de energia; no entanto, a alma e o homem
diferente de todas as demais coisas criadas è dotado de vida humana ( e
inteligência, Prov. 20:27; Jo 32:8) que se distingue da vida dos irracionais.
Aquilo que domina o espírito torna-se atributo do deu caráter. Por exemplo, se
o homem permitir que o orgulhe o domine , ele tem um espírito altivo (Prov.
16:18.). Assim é que o homem deve guardar o seu espírito ( Mal. 2:15),dominar o
seu espírito ( Prov.16:32), pelo arrependimento tornar-se um novo espírito (
Ezeq. 18:31) e confiar em Deus para transformar o seu espírito ( Ezeq. 11:19).
O homem è vitima dos seus sentimentos e apetites naturais; e é “carnal”. O espírito
já não domina mais, e essa impotência se descreve como um estado de morte.
Dessa maneira há necessidade de receber
um espírito novo ( Ezeq. 18:31, SAL. 51:10); E somente aquele que originalmente
soprou no corpo do homem o fôlego da vida pode soprar na alma do homem uma nova
vida espiritual – isto é regenerá-lo . Entretanto o espírito não pode vencer em
si mesmo, mas deve buscar a renovação constante mediante o Espírito de Deus.
3. A alma do
homem.
(a) A natureza
da alma. O originalmente a alma veio a existir em resultado do sopro
sobrenatural de Deus. Podemos descrevê-la como espiritual e vivente, porque opera
por meio do corpo. É mais correto dizer que é dom e obra de Deus. (Zac. 12:1).
Devem-se notar
quatro distinções:
1. A alma
distingue a vida humana e a vida dos irracionais das coisas inanimadas e também
da vida inconciente como o vegetal, poderíamos dizer que as plantas têm alma no
sentido de vida.
2. A alma do
homem distingue dos irracionais. Estes possuem alma, mas é alma terrena que vive
somente enquanto durar o corpo. Evidentemente, os homens fazem o que os
irracionais não podem fazer, por muito inteligentes que sejam; a sua
inteligência è de instinto e não proveniente de razão. O instinto dos animais
pode manifestar a sabedoria do seu Criador, mas somente o homem pode conhecer e
adorar ao seu Criador. Os animais são dotados de vida vegetativa e sensível, o
homem è dotado de vida vegetativa, sensível, intelectual e moral.
3. A alma distingue um homem de outro e dessa
maneira forma a base da individualidade. A palavra “alma” é, portanto, usada frequentemente
no sentido de “pessoa”. Atualmente dizemos, “não havia nem alma presente”,
referindo-nos a pessoas.
4. A alma
distingue o homem não somente das ordens inferiores, mas também das ordens superiores
dos anjos, porque estes não têm corpos semelhantes aos dos homens. Mas os anjos
são espíritos criados e finitos enquanto Deus è o Espírito eterno e infinito.
(b) A origem da
alma. Sabemos que a primeira alma veio a existir como resultado de Deus ter
soprado no homem o sopro de vida.
1) Um grupo afirma que cada alma individual
não vem proveniente dos pais, mas sim pela criação Divina imediata. Citam as
seguintes escrituras: Isa. 57;16; Ecl. 12:7; Heb. 12:9; Zac. 12:1.
2) Outros
pensam que a alma é transmitida pelos pais. A origem da alma pode explicar-se
pela cooperação tanto do Criador como dos pais. O poder de Deus domina e
permeia o mundo (Atos 17:28; Heb. 1:13) de maneira que todas as criaturas
venham a ter existência segundo as leis que ele ordenou. A origem de todas as
formas esta encoberta por um véu de mistérios (Ecl. 11:5; Sal. 139:13-16; Jo 10:8-12),
e esse fato deve servir contra a especulação sobre as coisas que estão alem dos
limites das declarações bíblicas.
(c) Alma e
corpo. A relação da alma com o corpo pode ser descrita e ilustrada da seguinte
maneira:
1. A alma é
depositaria da vida; ela figura em tudo que pertence ao sustento, ao risco, e a
perda da vida. É por isso que em muitos casos a palavra “alma” tem sido
traduzida “vida”. (Vide Gen. 9:3; 1 Reis 19:3; 2:23; Prov. 7:23; Ex. 21:23,30;
30:12; Atos 15:26.) A vida è o entrosamento do corpo com a alma.
2. A alma
permeia e habita todas as partes do corpo e afeta mais ou menos diretamente
todos os seus membros. Este fato explica porque as Escrituras atribuem
sentimentos ao coração e aos rins ( Sal. 73:21; Jo 16:13; Lam.3:13; Prov.
23:16;Sl. 16:7; Jer. 12:22; Jo.38:36); as entranhas (File.12; Jer. 4:19; Lam.
1:20;2:11; Cant.5:4; Isa. 16:11); e ao ventre ( Hab. 3:16; Jo. 20:23;15:35; João
7:38). Esta mesma verdade, de que a alma permeia o corpo, explica porque em
muitas passagens se descreve a alma executando atos corporais. Mas notemos que
não è o tecido material que pensa e sente, e, sim a alma operando por meio dos
tecidos.
3. Por meio do
corpo a alma recebe suas impressões do mundo exterior. Por meio do cérebro a
alma elabora essas impressões pelos processos do intelecto, da razão, da
memória e da imaginação.
4. A alma
estabelece contato com o mundo por meio do corpo, que è o instrumento da alma.
O sentir, o pensar, o exercer vontade e outros atos, são todos eles atividades da
alma ou do “eu”. Quando um instrumento è ferido, a alma não pode funcionar bem
por meio dele; em caso de lesão cerebral pode resultar a demência. A alma então
passa a ser como musico com um instrumento danificado ou quebrado.
(d) A alma e o
pecado. A alma vive a sua vida natural através dos instintos, termo que vamos
empregar por falta de outro melhor. Esses instintos são forcas motrizes da personalidade,
com as quais o Criador dotou o homem para fazê-lo apto a uma existência terena (assim
como o dotou de faculdades espirituais para capacitá-lo a uma existência
celestial). Vamos considerar os cinco instintos mais importantes. O primeiro é
o instinto da auto- preservação que nos avisa do perigo e nos capacita a cuidar
de nós mesmos. O segundo, é o instinto da aquisição (conseguir), que nos conduz
a adquirir as provisões para o sustento próprio. O terceiro è o instinto da
busca de alimento, o impulso que leva a satisfazer a fome natural. O quarto é o
instinto da reprodução que conduz a perpetuação da espécie. O quinto é o
instinto de domínio que conduz a exercer certa iniciativa própria necessária
para o desempenho da vocação e das responsabilidades. O registro desse dotes
(ou instintos) acha-se nos primeiros dois capítulos de Genesis. A alma
consciente e voluntariamente, usou o corpo para pecar contra Deus. Essa combinação de alma pecaminosa e corpo
humano constituem o que se conhece como “o corpo do pecado” (Rom. 6:16), ou a
carne ( Gal. 5:24). Visto que o homem pecou com o corpo, será julgado segundo
“o que fez por meio do corpo”. Quando a carne è condenada, a referencia não è o
corpo material (o elemento material não pode pecar), mas ao corpo usado pela
alma pecadora. È a alma que peca. Os impulsos pecaminosos da alma devem ser extirpados; é essa a obra do Espírito Santo. Paulo considerou tais coisas tão serias que
acrescenta as palavras, ”os que tais coisas praticam, não herdarão o reino de
Deus. Porque o pecado è uma ofensa a Deus, é exigida uma expiação para remover
a culpa e purificar a consciência. O Espírito Santo faz-nos justos.
(e) A alma e o
coração. Tanto nas Escrituras, como na linguagem comum, apalavra “coração
significa o centro mesmo duma coisa. (Deut. 4:11 ;Met. 12:40 Ex.15:8; Sal.
46:2; Ezeq. 27;4,25,26,27 .) O “coração” do homem è , portanto, o verdadeiro
centro da sua personalidade. Podemos
descrever como a parte mais profunda do nosso ser.
1. O coração é o
centro da vida, do desejo da vontade e do juízo. O coração è o depósito de tudo
quanto se ouve ou se experimenta (Luc. 2:51).
2. O coração è o
centro da vida emocional. Ao coração atribuem-se os graus de gozo, desde o
prazer, (Isa. 65:14) ate ao êxtase e exultação (Atos 2:46);todos os graus de
dor,desde o descontentamento (Prov. 25:20) e a tristeza (João.14:1) ate ao “ai”
lacerante e esmagador.
3. O coração è o
centro da vida moral. Concentrado no coração pode haver o amor de Deus
(Sal.73:26),ou orgulho blasfemos(Ezeq. 28:2,5). O coração è a “oficina” de tudo
quanto è bom ou mau nos pensamentos, nas palavras ou nas ações. Foi em vista
das imensas possibilidades implícitas no coração do homem que Salomão proferiu
esta admoestação: “Guarda com toda a diligencia o teu coração, pois dele
procedem as fontes de vida” (Prov.4:23).
(f) A alma e o
sangue. “Porque a vida (literalmente “alma”) da carne esta o sangue” (Lev.
17:11). Pelo plano benigno de Deus, o sangue tomou-se o meio de expiação, quando
aspergido sobre o altar de Deus. “Pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para
fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela
alma” (Lev. 17:11).
4. O corpo
humano.
Os seguintes
nomes aplicam-se ao corpo:
( a) Casa, ou tabernáculo. O corpo è a “bainha” da alma.
b) A morte è o desembainhar da espada
( c) Templo. O templo è um lugar consagrado pela presença
de Deus- um lugar onde a onipresença de
Deus è localizada.(1 Reis 8:27,28). È verdade que este corpo è terreno e como
tal corpo de humilhação (Fil.3:21),de maneira que geremos por um corpo
celestial (2Cor.5:2). Mas a vinda de Cristo, o mesmo poder que vivificou a alma
transformara o corpo, assim completando a redenção do homem.
III. A Imagem De Deus No Homem
“Façamos o homem nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. (Vide
Gen.5:1; 9:6;Ecl.7:9;Atos 17:26,28,29;1 Cor. 1:15;3:10;TIA. 3:9;Isa. 43:7;Efes.
2:10). O homem foi criado a semelhança de Deus, foi feito como Deus em caráter
e personalidade.
1. Parentesco com Deus.
A relação de Deus com as primeiras criaturas viventes consistia
em essas, de maneira inflexível, obedecer aos instintos implantados pelo Criador;
mas a vida que inspirou ao homem foi resultado verdadeiro da personalidade de
Deus. Por mais que se tenha o homem degradado, ainda ele reconhece que deveria
estar em plano mais elevado.
2. Caráter Moral.
O reconhecimento do bem e do mal pertence somente ao
homem. Em outras palavras, os animais não possuem natureza religiosa ou moral; não
são capazes de ser instruídos nas verdades concernentes a Deus e a moralidade.
Esse sentido esta resumido naquele curto, mas precioso “deve”, tão cheio de significado.
È o mais nobre de todos os atributos do homem.
3. Razão.
O animal è meramente uma criatura da natureza; o homem
è senhor da natureza. A tragédia da historia è essa que o homem tem usado esse
dom para propósitos destrutivos, ate mesmo para negar o Criador que o fez uma
criatura pensante.
4. Capacidade para imortalidade.
A existência da arvore da vida no Jardim do Éden
indica que o homem nunca teria morrido se não tivesse desobedecido a Deus.
5. Domínio sobre a terra.
O homem foi designado para ser a imagem de Deus com
respeito à soberania; e como ninguém pode ser monarca sem súditos e sem reino, Deus
deu-lhe tanto um “império” como um “povo”. O homem tem enchido a terra com suas
produções. È um privilegio do homem subjugar o poder da natureza a sua própria
vontade. A queda do homem resultou na perda e no desfiguramento da imagem
divina. Isto não quer dizer que os poderes mentais e psíquicos (a alma) foram perdidos;
mas que a inocência original e a integridade moral, nas quais foi criado, foram
perdidas por sua desobediência. Portanto, o homem è absolutamente incapaz de
salvar-se a si mesmo e esta sem esperança, a não ser por um ato de graça que
lhe restaure a imagem divina.
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