Por Odemir Silva
Sermão pregado na Igreja Assembleia de Deus - MSBC, Jardim Monte Sião dia 24 de Maio de 2015.
“A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente
o Salvador,
o Senhor Jesus Cristo”. Fp. 3.20
O termo cidadania
em Filipenses 3.20 significa politeuma (grego), isto é, cidade;
direitos civis; estado; sociedade ou governo. Conforme Fp. 1.27 “... portai-vos
dignamente conforme o evangelho de Cisto...”, isto é, politeuo que é exercer
cidadania; comportar-se como um cidadão. O evangelho normatiza a vida dos
cidadãos celestiais. Essa palavra “cidadania” denota conjunto de
cidadãos, associações de vida em contraste com o pensamento da época neste caso
os epicureus, que eram filósofos, ensinavam e promoviam a satisfação do prazer
de comer e beber, também outras coisas contrárias aos ensinamentos de Cristo.
Os epicureus
adoravam o ventre e serviam o estômago, pois ao promoverem o desfrute de comer
e beber, estavam mais preocupados com a satisfação e com o desfrute físico do
que com a ética ou a moralidade. O estômago era seu deus. As coisas físicas,
materiais, questões de comer e beber são importantes para o corpo físico, porém
não devemos ser permissivos com nós mesmos nessas coisas.
É importante
pensar que cada cristão deve viver segundo o que já aprendeu e experimentou do
Senhor. Em um mundo onde a fome por informação parece insaciável, essa
exortação de Paulo (Fp. 3.16) é um alerta para que os crentes procurem fazer
mais o que já sabem ser a vontade de Deus do que se entregarem a uma busca
insana por descobrir a vontade de Deus para cada detalhe, presente e futuro, de
suas vidas.
Quando o
apóstolo Paulo diz em Fp. 3.17, que os irmãos deviam ser seus imitadores esse é
um princípio do discipulado cristão, em que Cristo é o nosso mentor e exemplo
maior, seguido por Paulo, os apóstolos e todos cuja vida espelhe a ação livre e
saudável do Espírito Santo. O estilo de vida seguido pelos cristãos deve ser um
exemplo que valha a pena ser seguido pelo mundo. Esse é o mais eficaz método de
evangelização em massa de todos os tempos: o crescimento exponencial dos
crentes a partir do discipulado bíblico, sincero e dedicado, um a um.
Na época de
Paulo, por ocasião quando escreve a carta aos irmãos em Filipos já haviam os
chamados “cristãos nominais”, pessoas que se dizem cristãs, mas suas práticas
diárias demonstram nitidamente o contrário. Paulo se refere a dois tipos bem
definidos:
Os judaizantes (legalistas desprovidos de amor cristão, mais apegado às leis do que ao Deus das leis);
Os antinomistas (outro extremo; libertinos, para os quais tudo é permitido).
Paulo ressalta
que os cristãos já não são cidadãos deste mundo: tornaram-se estranhos e
peregrinos na terra (Rm. 8.22-24; Gl. 4.26; Hb. 11.13; 12.22,23; 13.14; I Pd.
1.17; 2.11). No que diz respeito ao nosso comportamento, valores e orientação
da vida, o céu é agora a nossa cidade. Nascemos de novo (Jo. 3.3), nossos nomes
estão registrados nos livros do céu (Fp. 4.3), nossa vida está orientada por
padrões celestiais, e nossos direitos e herança estão reservados no céu.
É para o céu que
nossas orações sobem (II Cr. 6.21; 30.27) e para onde nossa esperança está
voltada. Muitos dos nossos amigos e familiares já estão lá, e nós também estaremos
ali dentro em breve. Jesus também está ali, preparando-nos um lugar. Ele
prometeu voltar e nos levar para junto dEle (Jo. 14.2,3; 3.3; 14.1-4; Rm. 8.17;
Ef. 2.6; Cl. 3.1-3; Hb. 6.19,20; 12.22-24; I Pe. 1.4,5; Ap. 7.9-17).
Por estas razões
devemos desejar profundamente uma cidade melhor, ou seja: a cidade celestial.
Por isso, Deus não se envergonha de ser chamado nosso Deus, e Ele já nos
preparou uma cidade eterna (Hb. 11.16).
Portanto como
cidadãos dos céus, representantes e embaixadores nessa Terra é necessário que
saibamos como viver em meio a uma sociedade contaminada pelo pecado, onde os
valores terrenos se confundem com os celestiais. Muitos já sabem quais são seus
direitos civis ou humanos, como um cidadão terreno, isto é, os direitos básicos
de todos os seres humanos:
ü Direitos civis e políticos (exemplos: direitos à vida, à propriedade, a liberdade
de pensamento, de expressão, de crença, igualdade formal, ou seja, de todos
perante a lei, direitos à nacionalidade, de participar do governo do seu
Estado, podendo votar e ser votado, entre outros, fundamentados no valor
liberdade);
ü Direitos econômicos, sociais e culturais (exemplos: direitos ao trabalho, educação, saúde,
previdência social, moradia, distribuição de renda, entre outros, fundamentados
no valor igualdade de oportunidades);
ü Direitos difusos
e coletivos (exemplos: direito à
paz, direito ao progresso, autodeterminação dos povos, direito ambiental,
direitos do consumidor, inclusão digital, entre outros, fundamentados no valor
fraternidade).
A Declaração
Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas afirma que: “Todos
os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de
razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de
fraternidade”.
Desta forma é
compreensível que o cidadão celestial também tenha seus direitos e deveres, e como
um cidadão do céu é um indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um
Estado. Baseado em Sl. 15, veremos algumas características que um cidadão
celestial;
1.
“ser íntegro”,
isto é, inteiro, ou seja, não ter faltas ou não ser faltante. No hebraico a
palavra “integridade” é tamim, significa indivíduo íntegro, sem cera ou verniz.
Exprime só o que sente e pensa que não falta às promessas que faz, pois é fiel;
franco; delicado, é aquele que diz o que faz e faz o que diz. Tg 2.12. “ANDE
DIREITO”.
2.
“ser justo”
tanto tem a ver com praticar a justiça como ter sido justificado, ou seja,
remido pelo sangue do Cordeiro. A nossa justiça deve exceder a dos escribas e
fariseus (Mt 5:20). Ser justo é “FAZER O QUE È CERTO”.
3.
“ser verdadeiro” está em moda atualmente, quando a maioria das
pessoas quer levar vantagem em tudo. Dizer a verdade quando isso lhe põe em
situação difícil é pedir para ser taxado de “trouxa”, mas lhe garante a
cidadania eterna, portanto. “FALE A VERDADE”.
4.
“não
ser um difamador” da reputação alheia, é aquele que tira a boa fama ou
crédito de alguém e muitas das vezes publicamente. Quantas pessoas tiveram suas
vidas arruinadas por conta da língua. “NÃO MACHUQUE AS PESSOAS”.
5.
“não ser uma falsa testemunha”, dizer algo que não presenciou isso pode acarretar
um prejuízo enorme na vida do acusado, por que com testemunha se sustenta uma
afirmação, nesse caso uma falsa afirmação. “NÃO ACUSE O PRÓXIMO”.
6.
“Despreza o Mau”, Réprobo é o homem mau, de má índole e que é contra
os princípios divinos. O cidadão do céu não lhe dá nenhuma moral pelo contrário
reprova ou despreza. “MENOSPREZE O DESPREZÍVEL”. Porém “Honra” os que “temem”
a Deus. Ele reconhece o ato ou talento de alguém. Primeiro Deus (Sl. 29.2), os
Pais (Êx. 20.12), os Idosos (I Tm. 5.1), as Autoridades Governamentais (I Pe.
2.11-17), os Presbíteros (I Tm. 5.17);
7.
“Mantêm sua palavra, mesmo quando tiver prejuízo”, ele não muda suas atitudes quando é prejudicado,
pois confia em Deus que lhe dá graça em todas as situações. A Bíblia nos
admoesta dizendo que nosso falar deve ser sim, sim, não, não. Advertindo-nos
posteriormente que o que passa disso é de procedência maligna (Mt 5:37). “NÃO
MUDA”.
8.
“Vive de maneira honesta”, não explora o necessitado, aflito tirando proveito
de suas desgraças para obter lucro abusivo, essa atitude Deus condena (Dt.
23.20; 25.35-38; Mt. 25.27). Usura é sinónimo de agiotagem que se define como sendo a
prática de empréstimos a juros exorbitantes com vistas a lucros excessivos.
A palavra usura significa lucro
exagerado, avareza. O Senhor nos adverte que aquele que empresta com usura e
recebe além do normal em termos de lucro não viverá, mas certamente morrerá Ez
18.13.
9.
“Não aceita propina, suborno”, Subornar é dar dinheiro ou outros valores para
conseguir alguma coisa oposta à moral e aos princípios cristãos, quem assim
procede está debaixo da maldição. Dt 27.25.
O cidadão do céu
não pode se deixar levar pelo lucro fácil corrompendo-se. Antes deve primar por
uma conduta impecável. O Senhor nos adverte: “Não tomarás suborno, porquanto o
suborno cego os olhos dos sábios e perverte as palavras dos justos”. (Dt
16.19c).
Davi descreve em
Salmos 15 que há duas ideias na palavra tabernáculo:
ü Uma, de adoração formal e sacrifício (Êx.
29.42); e a outra,
ü Demonstrando a generosidade e a hospitalidade de
Deus, que aguarda a chegada do peregrino (adorador e
hhóspede
ansioso) a seu lar.
Algumas versões
apresentam as palavras “santuário” ou “tenda”, à imagem do
antigo santuário do deserto (Êx. 23.19). O tabernáculo e o santo monte, sem
dúvida, se referem ao monte Sião celestial e à cidade de Deus, a Nova
Jerusalém, onde Deus habita (Hb. 12.22,23; Ap. 14.1). Não se
trata de tipologia e sim de realidade. A palavra “habitar” significa morar
ali continuamente, e não visitar, ser um convidado ou passar algum tempo em
adoração. O ímpio pode adorar no tabernáculo terreno, mas é preciso preencher
as condições dos versículos 2-5 para ir até a casa de Deus e habitar com Ele
para sempre.
Portanto Davi
descreve o caráter de uma pessoa qualificada para viver (literalmente: tabernacular) com
Deus. As perguntas paralelas e sinônimas do v. 1 são respondidas nos versículos
2-5 por uma descrição de onze pontos vitais que distinguem um cidadão celeste,
e essas qualidades não são naturais no homem (que é pó); são virtudes divinas,
concedidas por Deus.
O salmista
acreditava que Deus esperaria da parte dos seus hóspedes tal características,
pois o caráter irrepreensível, assim retratado, é medido apenas pela conduta
pessoal e social; isto é, o padrão é puramente ético.
Com essas
qualidades o cristão está apto para ir para sua nova morada, nesse corpo o
Espírito Santo irá aperfeiçoar-nos, ajustando para o grande dia, O
Arrebatamento, pois Ele mesmo irá nos transformar de um corpo corruptível para
um corpo incorruptível.
Portanto vamos
socializando-se com o novo lar eterno, corpo glorificado, vida eterna com
Cristo através do entendimento da Palavra de Deus. A socialização nesse momento
faz parte da integração dos cidadãos a esse novo lar. Para isso é necessário
não só a leitura do código civil, mas a prática nessa dimensão terrena.
Pb. Odemir Silva
Bacharel em Teologia
Licenciado em Ciências Sociais
Pós Graduado em Filosofia
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