O REINO DE DEUS NO EVANGELHO DE MATEUS


     Vivemos em um contexto materialista-captalista, antropocêntrico, impactado pela tecnologia e ciência. O academicismo da alta crítica tem renegado a Bíblia como revelação divina. Ainda que, a realidade acadêmica científica proporcione um espírito critico favorável a busca por uma interpretação mais clara da verdade divina, também vem provocando em determinadas mentes um ateísmo precipitado e imaturo.

Considerando a questão recorremos a leitura e releitura da Bíblia procurando delimitar o espírito de suas páginas. Neste texto utilizo um pequeno fragmento reflexivo do evangelho denominado pelo nome de um discípulo, a saber, Mateus.  De todos os evangelhos, o de Mateus tem sido provavelmente, o de maior influência. A literatura cristã do segundo século faz mais citações do Evangelho de Mateus do que de qualquer outro. Os pais da igreja colocaram o Evangelho de Mateus no começo do cânon do NT provavelmente por causa do significado que lhes atribuíam. O relato de Mateus destaca a Jesus como o cumprimento das profecias do AT. Acentua que Jesus era o Messias prometido.

Não sabemos o que aconteceu com Mateus depois do dia de Pentecostes. Uma informação fornecida por John Foxe declara que ele passou seus últimos anos pregando na Pártia e na Etiópia e que foi martirizado na cidade Nadabá em 60 d.C., não podemos julgar se esta informação é digna de confiança. Permanece como tradição.

Além do fator primário da inspiração do Espírito Santo como veículo condutor da escrita, no qual, se concentra a inclinação de Mateus; é de importância singular notar como a inspiração interage com sua razão e contexto histórico, gerando o conteúdo do notável edifício escriturístico que se ergue e está diante dos nossos olhos: “A REVELAÇÃO DO REINO DE DEUS NA PESSOA DE JESUS CRISTO SEGUNDO S. MATEUS”.

Mateus ao escrever certamente tem em mente:

1.    A Igreja nascente e a proximidade da dispersão, bem como, as realidades espirituais obscurecidas pela ausência do reino em sua plenitude. 

2.    Esperanças apocalípticas e messiânicas comprometidas pela demora do retorno de Jesus para socorrê-los.

3.    Crise política do Império Romano e suas relações como os judeus, proporcionando uma ameaça da iminente invasão romana na palestina, principalmente em Jerusalém.

4.    “O Medo e a Angústia dominantes, sintomas do cenário de desesperança, desespero, insegurança e frustrações”.

Surge assim Mateus, um exímio pregador, homem de profundo conhecimento acerca da Torah e dos profetas. Capacitado e inspirado pelo Espírito Santo. Conhecedor do seu tempo e do tremendo desafio que era arrazoar contra os paradigmas da religiosidade de sua época.

Mateus visualiza o quadro espiritual de seus contemporâneos e otimiza vê-los libertos e transformados pelo poder do Evangelho, das boas novas. Sua mensagem consiste na declaração de que em meio às desesperanças políticas evidentes de seus dias o Messias já veio e está atuando entre eles, basta seus olhos espirituais se abrirem para enxergarem.

Mateus no capítulo 16 descortina a luz da teologia a “Igreja” Corpo de Cristo, como “Nova Jerusalém”, tomando força histórica e dimensões teológicas. Discursa acerca da implementação do reino messiânico manifestado na Igreja “Corpo de Cristo” para a comunidade judaica, a fim de que entendam o projeto de Deus na pessoa de Jesus Cristo. Precisam reconhecê-lo e aceitá-lo como Messias, pois, o tempo está cumprido e, é chegado a vós o Reino de Deus!

Entender “Jesus como Messias” e a “Igreja como Povo Seu”, era a realidade mais abstrusa, complexa e desafiadora para a mentalidade de seus contemporâneos.

O aumento da perseguição aos cristãos, por parte dos judeus adeptos da circuncisão, certamente levou Mateus a abordar a autoridade e os ensinos de Jesus, frente às escolas Rabínicas e farisaica influentes de sua época.

Mateus no seu diálogo reconhece a questão histórica de que o judaísmo trilhou com boas intenções o caminho da busca ao Deus de Israel, mas também sabe que o mesmo atingiu seu clímax no farisaísmo que nos dias de Jesus estava já altamente comprometido com muitos desvios que alteravam o espírito da lei e seus objetivos, perdendo assim, a essência da revelação divina e seu foco central, descarrilando em um abismo de observâncias e orgulho religioso.

Mateus assim discursa os desafios missionários da Igreja e a autoridade de Messiânica de Jesus em todo seu evangelho, culminando com a voz profética que insere a Igreja sob a autoridade de Cristo – E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra (Mt. 28. 18), portanto, debaixo desta autoridade Eu lhes envio, IDE e PREGAI!

O Evangelista Mateus vivenciando a realidade do primeiro século, tanto no que diz respeito aos judeus, como a própria realidade do descortinar do Reino em sua vida, e também na vida dos primeiros cristãos; pode assim, nos transmitir informações incisivas e revelatórias acerca da manifestação desse Reino na história.

Muitos cristãos atualmente andam confusos e presos dentro das paredes denominacionais, sem compreenderem de forma inteligente e lógica sua própria história. O percurso pelo qual uma denominação historicamente percorre a partir de seus fundadores, deve ser claro para todos os membros de tal instituição, a fim de que paralelamente em constante reflexão através da Palavra de Deus, principalmente do Novo Testamento, possam entender e receberem discernimento quanto à supremacia da Palavra de Deus a cada dia.

Somente assim, por meio do ensino bíblico, coerente, dedicado e teológico os cristãos cumprirão de maneira eficiente os propósitos divinos e serão transformados cotidianamente.
Quer saber mais sobre a plenitude deste reino. Aguarde!
*Este texto faz parte de um novo livro de minha autoria em breve a ser lançado no Brasil pela Editora Didática Paulista (Templus). Aguarde, este empreendimento haverá de alimentar a sua alma e enriquecerá o seu acervo teológico.


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